quarta-feira, 25 de março de 2009

Visita à instituição OASIS (1º Parte)


Com o intuito de conhecer uma instituição em Leiria que acolhe os deficientes motores, na quarta-feira dia 26 de Março de 2009, fomos à insituição OASIS, Vale Sepal em Leiria, com objectivo de visitar as instalações e entrevistar a psicóloga Dr. Lília Belo Colegas e a técnica de reabilitação Ana Rita Silva.


1.Há quanto tempo trabalha com pessoas portadoras de deficiência? Que tipo de deficiência?
A psicóloga respondeu que trabalha com deficientes desde Setembro de 2008, apesar de ter feito um estágio curricular em 2002 na CERCILEI com pessoas portadoras de todo o tipo de deficiência.

2. Essas pessoas procuram o seu serviço por iniciativa própria ou por aconselhamento?
A psicóloga referiu que os deficientes tanto procuravam o seu serviço por iniciativa própria como por aconselhamento, ou seja, estas pessoas por vezes vão ao gabinete dela pedir ajuda quando precisam de falar e por outras vezes são as funcionárias que consideram que uma determinada pessoa não se encontra bem e tentam encaminhá-la para o gabinete da psicóloga. Existe também determinadas ocasiões em que a psicóloga se desloca às salas de trabalho com o objectivo de averiguar se há algum utente que possa necessitar da sua ajuda. Assim os utentes sentem-se mais à vontade e acabam por criar laços de proximidade com a especialista, como se fosse uma conversa entre amigos.

3.Com que finalidade procuram os seus serviços?
A especialista disse que a maior parte das vezes os deficientes procuram-na essencialmente para desabafar, de maneira a dizer tudo o que sentem em relação a determinados problemas sobretudo relacionados com a família, dado que muitas das vezes este tipo de população tem muitos problemas com os familiares.

4.Como reagem ao trabalho do psicólogo?
A psicóloga considera que os utentes reagem positivamente ao seu trabalho, sente que confiam nela e que a procuram quando precisam, o que acaba por ser muito importante, dado que, na maior parte dos casos há um elo de ligação entre utente e psicóloga, o que ajuda muito para o sucesso do trabalho da psicóloga. Considera também que muitos dos utentes sentem-se sós e necessitam por isso de ter alguém com quem possam desabafar para descarregar os seus problemas.

5.Os familiares destas pessoas também a consultam? Se sim, com que finalidade?
A especialista referiu que é com pouca frequência que os familiares dos utentes a procuram, mas quando o fazem (por telefone ou presencialmente), fazem-no normalmente por motivos muito específicos, como por exemplo: notaram alguma alteração no comportamento do seu familiar ou porque aconteceu algum problema em casa e não entendem o porquê, o que desencadeia um trabalho de psicólogo e familiares em conjunto.

6.Na sua opinião, qual a maior dificuldade que um psicólogo enfrenta quando acompanha estas pessoas?
A especialista referiu que a maior dificuldade com que se depara é o facto de existir alguma dificuldade por parte dos utentes de entenderem o que é que esta está a dizer, ou seja, há necessidade de explicar de uma forma mais simples o que se quer dizer. Fez ainda questão de salientar que no caso dos deficientes motores que não estão ligados a qualquer tipo de perturbação, o trabalho é mais fácil porque não há dificuldade de entenderem o que a psicóloga quer dizer.

6.Como faz a avaliação da evolução da estrutura psicológica da pessoa?
A psicóloga começou por dizer que primeiro é feita uma entrevista, funcionando como uma conversa com o objectivo de avaliar a comportamento, postura, expressão facial e tom de voz da pessoa e depois é feita uma aplicação de algumas avaliações com a técnica de reabilitação, terapeuta e professor de necessidades educativas especiais, a nível da comunicação, motricidade, e linguagem. Por vezes os utentes são submetidos à realização de determinados jogos para testar a capacidade que têm de trabalho e de compreensão.

7.Houve algum caso que a tenha marcado mais?
A psicóloga destacou um caso de um utente em que havia uma doença mental muito complicada de lidar e que se tornava agressiva com muita frequência.


De seguida, fomos para o gabinete da técnica de reabilitação, onde iniciámos a segunda entrevista.


1.Há quanto tempo trabalha com pessoas portadoras de deficiência?
A técnica adiantou que está a trabalhar na OASIS à quarto anos. Ao longo do seu estágio de curso passou por outras instituições para lidar com deficientes motores, visuais, entre outros.

2.Essas pessoas procuram o seu serviço por iniciativa própria ou por aconselhamento?
A técnica referiu que na instituição existe um horário estipulado para as sessões. Durante as sessões fazem reabilitação, ou seja, alguns exercícios a nível dos membros superiores e inferiores, exercícios de postura e equilíbrios, entre outros. Esclareceu-nos que o papel de um(a) técnico(a) de reabilitação, na OASIS (dado que a população é adulta), é criar exercícios de modo a manter a funcionalidade dos seus membros. Referiu ainda que o exercício mais praticado nas suas sessões é a ida à casa de banho, dado que existe utentes que fazem a transferência da cadeira para a sanita autonomamente, com estas pessoas treina-se o equilíbrio e a postura. É também importante esclarecer a diferença do papel de um técnico de reabilitação e de um fisioterapeuta, um fisioterapeuta trabalha muito a nível do músculo, tendo um papel muito mais aprofundado ao "ensinar" o músculo para no futuro fazer o movimento, enquanto que o papel de um técnico de reabilitação é manter esse movimento.

3.Quais são as principais problemas a nível da motricidade que as pessoas (portadores de deficiência) apresentam?
A especialista indicou que depende das patologias. A deficiência motora contém a paralisia cerebral (lesão no cérebro que afecta), que pode afectar apenas o movimento de um braço, perna, fala, ou ate mesmo todos em simultâneo, dependendo do nível de lesão e a espinha bífida, uma má formação da coluna durante a gestação, o que dificulta os movimentos destas pessoas e por isso têm de andar de cadeira de rodas, porém, podem apresentar uma boa capacidade cognitiva.

4.Como reagem ao trabalho de um(a) técnico(a) de reabilitação?
A técnica referiu que tenta sempre realizar os exercícios dependendo das necessidades que cada utente tem de aperfeiçoar determinado movimento e dependendo da sua capacidade cognitiva. De uma forma geral todos os seus utentes reagem bem ao seu trabalho porque sentem-se bem com os exercícios que lhes são propostos, atingindo sempre os objectivos da técnica. A especialista esclareceu ainda que os exercícios de reabilitação não são apenas aqueles que se fazem na instituição, mas também os que fazem na piscina (hidroterapia) e no centro de equitação (hipoterapia), onde se fazem exercícios equilíbrio e exercícios de dissociações de cintura, ou seja, os movimentos de rotação da cintura.

5.Os familiares destas pessoas também a consultam? Se sim, com que finalidade?
A técnica indicou que raramente recebe os familiares, e quando isso acontece é apenas para pedir ajuda para os apoios técnicos, ou seja, por exemplo: quando necessitam de barras para colocar na casa de banho, ou ajuda técnica na cama para os ajudar a serem mais autónomos.

6.Na sua opinião, qual a maior dificuldade que (a) técnico(a) de reabilitação enfrenta quando acompanha estas pessoas?
A técnica referiu que estipula sempre uns objectivos, e por isso, tem sempre grandes expectativas mas por vezes depara-se com algumas dificuldades e por isso não consegue alcançar os objectivos. Na maior parte das vezes cada utente é recebido uma vez por semana, porém, a especialista refere que o ideal era recebê-los 3 vezes por semana para poder obter os resultados mais rapidamente, por isso, a maior dificuldade com que se depara é o não conseguir reunir os utentes mais vezes por semana de maneira a poder ter os resultados mais rapidamente.

6.Como faz a avaliação da evolução da motricidade da pessoa?
Como já foi dito anteriormente, a técnica referiu que faz uma avaliação inicial do utente e estipula determinados objectivos e depois de três em três meses faz uma avaliação para verificar se houve ou não evolução da motricidade dessa pessoa, apesar de, na maior parte das vezes, não haver melhoria mas sim um mantimento da motricidade, ou seja, se um utente for capaz de manter sempre a capacidade de efectuar um determinado movimento, já é muito bom.

7.Houve algum caso que o(a) tenha marcado mais?
A técnica não resistiu a dizer que todos os casos a marcam, pois, como qualquer pessoa, são únicos, referindo ainda que todos são especiais pela sua maneira de ser e pelo facto de o trabalho que é feito com um é diferente do trabalho que é feito com outro, conforme a necessidade de cada utente. Referiu ainda que no caso das aulas de hipnoterapia havia utentes que tinham medo de subir para cima do cavalo e depois foram ganhando confiança e agora já fazem os exercícios sem qualquer medo, assim como no caso da hidroterapia em que havia casos em que os utentes tinham medo de entrar para a água e agora estão sempre ansiosos que chegue o dia de iram para a piscina, o que para uma técnica é muito gratificante.


Por fim, visitámos as instalações. Ficámos a conhecer a sala de artes, onde os utentes realizam variadas actividades plasticas, têxteis e pituras com diversos materiais, conhecemos tambem a sala informatica, a sala de reabilitação, onde realizam as actividades de reabilitação, a sala de Snoezelen onde se promove o relaxamento, lazer e diversão e estimula os sentidos e por fim, o refeitório.

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